Faz alguns anos desde que eu li Jogos Vorazes pela primeira vez. Eu me lembro da sensação de terminar um capítulo e não querer largar o livro. Não importava a hora: eu terminava um capítulo e falava "só mais um". Esse "só mais um" fez a leitura render e eu terminei muito rapidamente a leitura do primeiro livro da trilogia.
Já naquela época, havia um boato de que Jogos Vorazes não era uma história realmente original. Qualquer pessoa deve saber que existe uma americanização da cultura japonesa. Personagens e lugares passam a ter nomes em inglês, como em Pokémon; séries são copiadas de outras, como Power Rangers. Isso quando filmes adaptados de produtos japoneses escalam atores não orientais e ocorre o chamado whitewashing.
Tem bem uns dois anos que eu estava querendo ler Battle Royale, mas várias questões acabaram adiando minha leitura. Aproveitei as férias no início do ano para poder ler, afinal um livro de mais de 600 páginas pede um certo tempo para ser lido. Durante o período da faculdade seria muito complicado manter uma boa leitura dessa obra.
O livro de Koushun é considerado por muitos o livro que inspirou Suzanne Collins a escrever sua trilogia. Mas a autora já afirmou várias e várias vezes que não chegou a ler Battle antes de escrever Jogos. As semelhanças entre os livros é tão grande que a gente - eu - fica desconfiando se Suzanne realmente foi sincera em seus comentários.
Em Battle Royale, um grupo de estudantes da mesma turma de uma escola é escolhido para lutar um contra o outro até a morte. E até que reste somente um vivo. Antes dos jogos começarem, eles recebem uma sacola com alguns itens aleatórios para se armarem. Enquanto alguns têm a sorte de ter uma arma na sacola, alguns têm objetos que não servem para muita coisa: o que vocês fariam se a arma da sua sacola fosse um garfo? A edição atual dos jogos ocorre numa ilha e, de quando em quando, alguns quadrantes do local são proibidos, obrigando assim com que os competidores se movimentem. Durante os anúncios oficiais, os nomes dos alunos mortos são listados. O vencedor dos jogos ganha uma pensão do governo.
O governo desse livro, é claro, é o clássico governo de uma distopia: controla o poder de forma autoritária, faz o que bem quer fazer, e não aceita nenhuma faísca de rebelião sem retalhá-la. Curiosamente, o governo é criticado constantemente pelos estudantes. Afinal, o que eles têm a perder criticando aqueles que os jogaram numa arena para se matarem? Assim como em muitas outras distopias, o governo de Battle não tem um rosto mas sim um personagem que representa a opressão e a defende. 1984 tem o Grande Irmão e um certo personagem que assume os ideais do governo. Na história de Koushun, é praticamente a mesma coisa.
São 42 estudantes levados para a ilha para se matarem. Pensem no seguinte: a turma da sua faculdade, pessoas que vocês gostam, pessoas que vocês não gostam. Uma hora ou outra, vocês vão ter de se matar. Vocês podem fazer aliança, mas confiariam uns nos outros após 24h sem mortes? Uma das regras do jogo é que se não houver mortes em 24h algo vai acontecer.
Com uma gama tão grande de personagens, é claro que a gente fica pensando se Koushun tem preferência por um ou outro para guiar o leitor durante as mais de 600 páginas e apresentar esse mundo. Aparentemente, o autor dá a entender que sim. Ele vai apresentando o personagem, dá um plano de fundo para sua história e quando a gente menos espera... ele o mata. Até mesmo aqueles que parecem que estão fazendo a história andar não são poupados. O final do livro é de explodir a cabeça e ocorrem tantas reviravoltas que é preciso ler com calma ou reler para entender bem. Confesso que sinto falta disso nos livros atuais.
Acredito que a maior dificuldade que alguém pode encontrar na leitura desse livro é em relação aos nomes e na identificação dos personagens como garotos e garotas. Porém, no começo do livro há uma lista separando os nomes deles dos nomes delas. Durante a leitura, ainda somos lembrados, entre parênteses, se o personagem se trata de um ou uma estudante.
Já naquela época, havia um boato de que Jogos Vorazes não era uma história realmente original. Qualquer pessoa deve saber que existe uma americanização da cultura japonesa. Personagens e lugares passam a ter nomes em inglês, como em Pokémon; séries são copiadas de outras, como Power Rangers. Isso quando filmes adaptados de produtos japoneses escalam atores não orientais e ocorre o chamado whitewashing.
Tem bem uns dois anos que eu estava querendo ler Battle Royale, mas várias questões acabaram adiando minha leitura. Aproveitei as férias no início do ano para poder ler, afinal um livro de mais de 600 páginas pede um certo tempo para ser lido. Durante o período da faculdade seria muito complicado manter uma boa leitura dessa obra.
O livro de Koushun é considerado por muitos o livro que inspirou Suzanne Collins a escrever sua trilogia. Mas a autora já afirmou várias e várias vezes que não chegou a ler Battle antes de escrever Jogos. As semelhanças entre os livros é tão grande que a gente - eu - fica desconfiando se Suzanne realmente foi sincera em seus comentários.
Em Battle Royale, um grupo de estudantes da mesma turma de uma escola é escolhido para lutar um contra o outro até a morte. E até que reste somente um vivo. Antes dos jogos começarem, eles recebem uma sacola com alguns itens aleatórios para se armarem. Enquanto alguns têm a sorte de ter uma arma na sacola, alguns têm objetos que não servem para muita coisa: o que vocês fariam se a arma da sua sacola fosse um garfo? A edição atual dos jogos ocorre numa ilha e, de quando em quando, alguns quadrantes do local são proibidos, obrigando assim com que os competidores se movimentem. Durante os anúncios oficiais, os nomes dos alunos mortos são listados. O vencedor dos jogos ganha uma pensão do governo.
O governo desse livro, é claro, é o clássico governo de uma distopia: controla o poder de forma autoritária, faz o que bem quer fazer, e não aceita nenhuma faísca de rebelião sem retalhá-la. Curiosamente, o governo é criticado constantemente pelos estudantes. Afinal, o que eles têm a perder criticando aqueles que os jogaram numa arena para se matarem? Assim como em muitas outras distopias, o governo de Battle não tem um rosto mas sim um personagem que representa a opressão e a defende. 1984 tem o Grande Irmão e um certo personagem que assume os ideais do governo. Na história de Koushun, é praticamente a mesma coisa.
São 42 estudantes levados para a ilha para se matarem. Pensem no seguinte: a turma da sua faculdade, pessoas que vocês gostam, pessoas que vocês não gostam. Uma hora ou outra, vocês vão ter de se matar. Vocês podem fazer aliança, mas confiariam uns nos outros após 24h sem mortes? Uma das regras do jogo é que se não houver mortes em 24h algo vai acontecer.
Com uma gama tão grande de personagens, é claro que a gente fica pensando se Koushun tem preferência por um ou outro para guiar o leitor durante as mais de 600 páginas e apresentar esse mundo. Aparentemente, o autor dá a entender que sim. Ele vai apresentando o personagem, dá um plano de fundo para sua história e quando a gente menos espera... ele o mata. Até mesmo aqueles que parecem que estão fazendo a história andar não são poupados. O final do livro é de explodir a cabeça e ocorrem tantas reviravoltas que é preciso ler com calma ou reler para entender bem. Confesso que sinto falta disso nos livros atuais.
Acredito que a maior dificuldade que alguém pode encontrar na leitura desse livro é em relação aos nomes e na identificação dos personagens como garotos e garotas. Porém, no começo do livro há uma lista separando os nomes deles dos nomes delas. Durante a leitura, ainda somos lembrados, entre parênteses, se o personagem se trata de um ou uma estudante.
"[...] Acho que o atual sistema praticado por este país cabe como uma luva aos seus cidadãos. Em outras palavras, sua subserviência aos superiores. Algo do tipo 'maria vai com as outras'. Dependência de outros e mentalidade de grupo. Conservadorismo e passividade. Se lhe mostram algo que certamente é para o bem público, com motivo nobre, mesmo que seja delação, eles sentem que estão fazendo algo bom. É uma imbecilidade irremediável que serve ao autoconvencimento. É isso. Ou seja, não há lugar para orgulho nem ética. E ninguém pensa por si. Seguimos ordens sem refletir. Isso me enoja."
TAKAMI, Koushun, p. 245
Jogos Vorazes tem claramente uma inspiração neste livro, por mais que Suzanne diga que não. Dito isso, acredito que quem ainda não leu a trilogia americana e pretende comparar os livros deveria começar com o livro de Koushun, uma vez que se trata de uma publicação bem anterior. Eu gosto muito da distopia de Suzanne e pretendo relê-la em outros momentos - faz parte daqueles livros que eu quero manter na minha estante. Em relação a Battle, ficará guardado para uma futura visita.
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